Para Meninos e Gaivotas: a arte do retorno
Na sexta-feira, 18 de julho de 2025, às 15h,
o palco do SESI Sorocaba se encheu de encantamento.
Plateia lotada. Olhos atentos.
Ali se desenhou uma tarde inesquecível com o espetáculo
“Para Meninos e Gaivotas”.
Tudo em cena era poesia:
o elenco, entregue e vibrante,
a sonoplastia, que embalava como ondas de mar,
e os figurinos, que pareciam voar com as gaivotas.
Mas havia algo mais naquela apresentação:
um reencontro, um retorno com sabor de memória viva.
Victor Deluzzi, um dos atores em cena,
voltava, anos depois, ao ninho onde aprendeu a voar.
Foi lá pelos idos de 2010 que ele, ainda menino,
chegou a Sorocaba com a mala cheia de sonhos
e o desejo firme de fazer teatro.
Encontrou em Júnior Mosko o mestre,
em cada ensaio, um rito; em cada peça, uma iniciação.
Foram quatro anos intensos,
com cerca de dez espetáculos no currículo,
entre eles desafios imensos como
As Serepentes, de Nelson Rodrigues,
e Vazio, uma obra visceral de Mosko.
E agora, ali estava ele, no mesmo palco,
maduro, entregue, emocionado,
agradecendo pelo feliz retorno.
Na plateia, seu mestre assistia, orgulhoso.
Na cabine técnica, Claudinei de Jesus Rosa,
o mesmo que viu Victor nos seus primeiros passos,
sussurrou depois:
“Esse negócio de túnel do tempo não existe…”
Mas existia. Existia sim.
Porque naquele instante,
arte e vida se entrelaçaram como velhos amigos.
E como disse o dramaturgo:
a vida imita a arte.
Ou talvez — só talvez —
a vida seja a arte do encontro.